Canção de Led (Marcio Gredilha)

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14:11
Canção de Led

Quando ouço esta música imagino uma escadaria
Que me eleva para dentro de mim
Meu mundo de sombras
Onde sou dominado por meus medos
Onde todos os meus demônios
Lutam contra mim
Na ânsia de despertar
Para minha realidade materialista
Os acordes desta guitarra maldita
Me conduzem numa viagem astral
Desde a velha cidade de Eridú
Até aos confins do norte
Onde os guardiões dançam loucamente
Sobre a sepultura de seus pais
Fumando seus baseados de nêutrons
Para o desintegrar das eras...

Quando acordo desta transe
Nesta melodia suavemente
As pedras da moralidade me atingem
Sinto que as bactérias me desejam
Atraídas pelo odor de meu sangue anêmico
E de minhas chagas apodrecidas
São os vermes
A substância essencial do dia da manipulação

A bateria diabolizada
Acelera os passos na escuridão
Anti a dor de todos os escravos
Da quarta dimensão

Ao último entoar
Alguém pede perdão
Por tanta transgressão nos olhos
Vejo a luz de 'Led'
A sucumbir entre seus irmãos
Entre os adoradores de 'Marduke'
Os versos da canção
Petrificam meus neurônios
(...)

Marcio Gredilha

Ao meu Criador (Marcio Gredilha)

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21:01
Percebo agora o quanto posso expandir,
Esvaziando-me de tudo que me encheram,
Esvaziando-me ao ponto de transbordar.
E quanto mais mergulho nesse vazio infinito
Dentro de mim,
Chego a conclusão que me resta diminuir.
A um passo da transmutação,
Da conscientização hermética do vasto,
Onde cada silêncio percorre a estreita do vácuo,
Na direção translúcida do meu ser,
Onde a percepção converge o acaso
Das possibilidades do meu viver.

Pretendo fluir como essência
Na consciência do Todo,
Frente a dualidade daquele que se comportou
Como massa e onda e ao mesmo tempo,
Que atravessou a franja tridimensional
Da minha razão material,
Num colapso de emanação
Onde a nano visão
Vê a subpartícula do amor.

A criação expandiu-se.... e assim,
Estou dentro do meu Criador
E o meu Criador está dentro de mim.

(Marcio Gredilha)


Perda de tempo? (Marcio Gredilha)

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00:32
Não quero saber das suas palestras,
Da sua medicina,
Da sua astronomia,
Da sua geografia,
Da sua matemática, 
Da sua ciência,
E nem da sua história.
Quero esquecer de tudo...
E lembrar apenas da neve azul que cai do seu sorriso...
E vivenciar o vento na verdade que escreveu no mar...
E chorar, chorar, chorar e chorar...
Com essa terrível perda de tempo,
Mas confuso ao mesmo tempo,
De encontrar o que ficou no vento:
O meu tempo.

(Marcio Gredilha)

O meu fim (Marcio Gredilha)

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21:09
Não vejo mais motivo para ainda estar aqui.
Não há mais doçura no sorriso. ..
Confesso que hoje acordei com vontade de partir,
Com vontade de caminhar pra sempre para o fim...
Bem longe das espertezas do silêncio. ..
Estou cansado...
Cansado de compartilhar a solidão que
Cai dos meus olhos...
Chega de lembranças amargas...
Nunca pensei que fosse desistir,
Mas hoje o fracasso se aproxima lentamente...
Como se o alvo chegasse pra mim...
O meu fim...

(Márcio Gredilha).



Volte sempre... (Marcio Gredilha)

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21:33

Você é a última musa inspiradora de minha alma
Lentamente consumida...
Quando as madrugadas terminam
Surge um sol no céu...
Depois ele se vai e volta novamente...
Espero que você volte todos os dias
Como o sol...
Até mesmo em dias nublados apareça também
Para esquentar meu coração frio e velho...
Para me iluminar de brisa na solidão das tardes...
Para transformar o silêncio num mundo de paz,
Amor e respeito...

(Marcio Gredilha)

Últimas palavras... (Márcio Gredilha)

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01:54
Quando você acha que encontrou seu pedaço de paraíso,
A lua resolve despencar sobre a sua cabeça.
A noite fica mais escura,
A estrada desaparece,
Então você se perde de novo...

Mesmo assim não desista,
Pois sempre haverá a oportunidade
De uma nova tentativa,
Mesmo de forma silenciosa,
Reconsidere as palavras,
Reconsidere o tempo de luz,
Pois a vida segue em duplo sentido.
Destinos se cruzam,  almas se reencontram, Beijos acabam,
Mas ficam as saudades e as esperanças
De que o seu pedaço de paraíso
Continua vivo, intacto, a sua frente,
Louco pra te ter mais uma vez.

(Márcio Gredilha)

Perdidos... (Márcio Gredilha)

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13:13
Um dia a pregação acabou...
O vento parou de soprar...
E tudo voltou como era antes...
E os perdidos ficaram para trás...
Quantas vezes chorei olhando para os céus?
Quantas vezes ergui os braços para os céus
Tentando agarrar uma nuvem para te encontrar?
Quantas vezes transformei a noite em minha casa
Tentando achar um pontinho de luz vindo na minha direção?
Quantas vezes tentar abandonar o próprio corpo numa transe transloucada de vinho para esquecer?

E eu me pergunto agora o porquê?
Um suspiro em troca de sorriso
E longas caminhadas....
E uma decadência momentânea
Consumia a alma.

Como eu queria agora estar diante de Ti
Com o coração quebrado...
Com lágrimas nos olhos...
Os lábios sem palavras...
Vazio de mim mesmo...
Para reencontrar a minha vida
Perdida em algum cemitério de vivos...
Perdida nesse caldeirão de competitividade que se transformou o mundo....

Mas ainda tenho tempo para conhecer a verdade.
E sigo perdoando. ..
Orando. ..
Ajudando. ..
Amando...
Sendo solidário a outros perdidos...
E a alegria é tanta, nessas horas,
Que nos sentimos todos salvos....

(Márcio Gredilha)

Novos ares (Marcio Gredilha)

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15:08
Minha alma encontra-se em estado de sítio...
Cercada pela ação maquiavélica dos meus fantasmas,
E o bom medo lidera os mais rebeldes
Com suas facas de brisa.

Será que estou condenado ao mistério?
Da minha boca não sai mais palavras, Apenas a vontade de encontrar novos ares.
Eles nunca se cansam de assistir
A nossa decadência,
Mas saibam que novos ventos virão.
O céu azul está tão claro,
Mas as nuvens brancas me dizem coisas...
Sigo nesse paradoxo íntimo sem Eles, Respirando ao lado de gente sofrida,
No centro de um país caótico, Desperdiçando vida,
Derramando solidão através dos olhos, Secando lágrimas de madrugadas tão vazias.

Eu estou partindo para um lugar seguro, Onde a pátria e o amor andam separados, Onde não se paga para matar,
Onde os campos são tão verdes
Quanto este teu sorriso triste,
Onde as moscas não são mutantes
Criadas por mãos humanas.

Minha amada mãe não chores!
É apenas uma viagem sem volta,
E eu nunca teria a coragem de partir seu coração.
Dê um abraço no velho pai e diga a ele
Que estou levando a dor dos que partiram antes,
E a saudade das canções de amor.
No frio vou achar conforto.
Dentro deste vácuo de tão estranha sorte Que o tempo proporcionou,
Seria mesmo o beijo o fim?

Sou um fracassado apenas...
Cansado e na fila da morte
Tentando achar a minha vida...
Nenhum sonho meu
Me trouxe o êxito.
Eu acho que não serei capaz de te fazer sorrir...
Meu fanatismo e a ausência de religião
Me tornaram louco e livre.
Me tranco nesse complexo vertical
De tão solidário que fui
E me entrego ao silêncio
Sepulcral...

(Márcio Gredilha )

Alucinação (Marcio Gredilha)

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12:51

Do inusitado ao óbvio...
Quem poderá parir a esperança?
Talvez você possa...

Ela era administrativa,
Mas foi cirurgicamente ao parto.
Ela era linda, a roupa sensual...
E a mulher não lembro das feições,
Em posição litotômica, e
Enclausurada em dor e risos, aguardava...
Mas apesar de administrativa,
Entendia muito bem do assunto
E realizou o parto...

Nunca passou pela cabeça que
Poderia ser gêmeos...
Tudo transcorria bem,
Até que nasceu um porco...
Apesar do silêncio,
Ninguém se espantou...
De repente o parto cirúrgico
Passou a parto normal...
E a administrativa
Com vasta experiência
Procurava pelo segundo ente primitivo,
Afastando as peles da vagina,
Apalpando a placenta cósmica...
E lá estava.... Quieto...
Um ser repleto de penas, asas, e bico,
Não sei se era galo, frango ou galinha...
E a administrativa trouxe
A irmã gêmea do porco ao mundo.

Nada pude entender:
Como uma mulher consegue gerar
Dois animais de uma só vez?
Talvez eu esteja longe do mundo atual.

O porquinho era belo e manso...

O mais estranho era a penosa,
Que já nasceu adulta, mas não cantava...
Burlou de alguma forma a transcendentalidade
Do nascimento e não experimentou
Os primeiros dias de vida como pintinho...
E quando tentava dar alguns passinhos
Em direção da mamãe, o cansaço e a dor
O impedia...

E todos, entristecidos com a dor do
Pintinho velho, choravam...

O porquinho era feliz...

A mãe de gêmeos cósmicos
Agradecia aos céus
Por encontrar uma administrativa
Tão competente para realizar o parto...

De repente aquela mulher mãe me sorriu...
Com os olhos de alegria em meio
Às secreções demoníacas e uma plateia de gente...
Onde se percebia uma divina paz passageira...

Foi então que entendi o sentido da vida
E chorei...

E lembrei da infância,
Quando nasciam crianças como eu...
Quando nasciam humanos como eu...
Mas que deixaram de ser humanos, como eu...


(Marcio Gredilha)

Eras de abrasão (Marcio Gredilha)

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17:53
Começa e termina em uma tarde o verão...
Dos olhos o sorriso de um último fã...
Nas palavras e nos passos de uma vã
E obstinada mensa de cogitação.

Pelo dever de quem propôs a cortesã,
Esperar a futura prevaricação...
Um astro de sorte e abrasão
Configurado antes de fundar Basã.

E em ritos de aplausos e absolvição.
Adormecido no confortável leito-divã
Como ser de visível solidão.

E o que era apenas um verão de maçã
Tornou-se um inferno de Satã...
A saudade e o beijo de pagão.

(Marcio Gredilha)

Cântico filosofal (Marcio Gredilha)

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18:45

Buscar... percorrer de forma angular
As torres apagadas no peito vazio...
Ainda que tente aquecer com silício,
A gélida base cristaliza o ar...

Um feito histórico para química do olhar,
Quando a seiva petrifica sem deixar resquício...
Vai além de boro a maléfica do vício,
O sentir... um composto de carbono cantarolar!

Pode o ser resistir a tal desventura?
A molécula beija a partícula na estrutura...
Pode agora o corpo acender a este amor...

Na área que me resta desse plexo bolor,
O sexo precipita as densas partes do horror
No cântico filosofal de sepultura...

(Marcio Gredilha)

Manha (Marcio Gredilha)

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10:11
Beijar de doce forma desordenada...
Deixar o acúmulo excessivo fluir da entranha...
Do mais profundo de sua recâmara... Façanha
De ligar os sensores... E calada...

De desejar as nuances que a depressiva apanha,
E em silêncio esvoaçar e embriagada
De pele e desejosa e precipitar a faga...
De louca régia de malditos! Manha...

Da hecatombe suave de tuas laivas... Agora
Eu me pergunto: Ficará os pulmões encharcados,
Oh! solidão nua dos acasos? E noite afora...

O próprio peito cumpre as qualidades...
Tão formosa de ruborizos e fatigados...
Que me perco em tantos frios e saudades!

(Marcio Gredilha)

Influência (Marcio Gredilha)

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11:38
Sou humano...
Sou uma estrutura descomplicada
Que se complica o tempo todo.
Estou próximo ao chão,
Onde as bactérias são mais humanas e quentes,
Próximo da última baforada,
Nessa maconha transcendental chamada morte...
Ah! Não é morte física...
É morte intelectual...
É morte das palavras e do vento
Que às vezes leva uma saudade sua.
É morte da capacidade de distinguir
Entre o bem e o mau...
Capacidade de compreender
A metafísica de um velho futuro
Ou de um passado novo...
Enfim, morte do raciocínio...
E o que era racional,
Agora é manipulação,
Advindo de todas as partes,
Num clímax sideral...
Num gozo cósmico onde
As particularidades
Encontram-se à tona...
Não tenho mais direito de pensar...

Envelhecido pelos obstáculos
E pelo som inabalável da verdade.
Sou humano...
Sou parte de uma colmeia...
Sou malabarista...
Apaixonado...
Com medo de provar a saliva
De teus segredos mais profundos
E enigmáticos...
Onde brota um azul tão soberano
Quanto a fé...
E conduz seus olhos...

Sou um ser que compartilha o mundo,
Sem saber quem sou...
Atordoado com a façanha do batimento cardíaco,
Que espalha a química do amor
Em meu sistema circulatório...
É quando percebo a primavera
Que brota da alma,
E fico maravilhado com as flores
Que nascem do jardim de Deus.
Deus! Tu és meu criador!

Meu Pai!

(Marcio Gredilha)

Logo será natal (Marcio Gredilha)

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11:27
Logo será é natal...
Eu não sei se isso realmente importa pra você...
As pessoas estão todas felizes, confraternizam, se abraçam...
Outras choram... De saudade talvez...
A data é tão especial que mexe com todos: grandes e pequenos...
A música é a mesma de todos os anos...
Os amigos são os mesmos e outros que surgiram...

Mas eu sinto que há algo diferente em mim e principalmente em você...
Em cada natal você diminui...Nós diminuímos... É como se o tempo
Arrancasse pedaços que não se regeneram...
A vovó se foi...
A mamãe se foi...
O papai se foi...
E agora o vovô...
O que era todo, agora é parte... E nós somos a menor parte deste todo.
Parte que em cada ano diminui cada vez mais...
Até que de nós surge uma parte ainda menor: filhos... E nós a parte pequena,
Passamos a ser o todo deles, que também diminui conforme partimos...

Este ciclo se renova a cada natal, tão mágico quanto a vida,
Em meio a tristeza, saudade, choro, recordações e alegrias...
Temos que olhar pra frente com consciência e esperança,
Porque somos hoje, o todo... A referência... Daquelas almas
Pequeninas que nos amam e nos admiram: nossos filhos...

A vida ganha mais esperança e credibilidade de que tudo passa,
Mas nada foi em vão...


Feliz natal a todos.

(Marcio Gredilha)

Eu queria uma mulher que fosse exatamente como você (Marcio Gredilha)

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15:10
Eu queria uma mulher que fosse exatamente assim como você...
Uma que pensasse por si própria e fosse livre dos vícios da
Presente época...
Uma que fosse livre de verdade dos padrões pré-determinados pelo sistema...
Principalmente os padrões de beleza...
Uma que soubesse a verdade e a finalidade de tudo que há no mundo.
Uma que enxergasse além dos olhos e compreendesse...

Eu queria uma mulher que fosse exatamente assim como você...
Que não se vestisse como elas...
Que não falasse como elas...
Que não andasse como elas...
Que não pensasse como elas...
Que não fosse superficial como elas...
Uma que fosse completamente diferente...

Eu queria uma mulher que fosse exatamente assim como você...
Que não acreditasse no sistema...
No governo...
Nos políticos...
Nos médicos...
Nos professores...
Na polícia...
Nos empresários...
Nos patrões...
Uma que acreditasse que a vida é muito mais do que trabalhar
e dormir como escravo, em virtude, de tudo que eles plantam
em nosso subconsciente...

Eu queria uma mulher que fosse exatamente assim como você...
Uma que vivesse à margem...
Longe dos padrões tépidos...
Uma que tivesse um cabelo como o seu...
Uma pele como a sua com todos esses traços...
Um jeito de falar, pensar e acreditar nas próprias concepções...
Uma que fosse fiel ao seu próprio corpo...
Uma que soubesse que amar não significa ser patética...
Uma que soubesse compartilhar a vida por uma vida inteira...

Eu queria uma mulher que fosse exatamente assim como você...
Que comesse não o que 'eles' determinam...
Que comesse o que vem da terra...
Uma que amasse a natureza...
Uma que amasse viver na praia...
Uma que não tivesse religião...
Uma que acima de tudo tivesse fé no filho de Deus...
Para que a eternidade se completassem em nós...

Eu queria uma mulher que fosse exatamente assim como você...

(Marcio Gredilha)